Por que oito? Porque eu consegui apontar oito que realmente acho que valem a pena. Não foram sete nem nove, foram oito.
Bom, vamos lá. Eu já tinha feito um Top 10 uma vez, num outro blog que eu tive quando ainda não havia chegado na maioridade legal. Dessa vez vou tentar ser mais inteligente nos meus argumentos, mesmo achando que não vou precisar muito, porque os discos são realmente foda. Acontece que na última lista eu era muleque empolgadão demais e meus comentários foram algo como “melhor disco dos caras simplesmente muito foda se tu não manja isso tu não sabe nada!”.
IMPORTANTE: eu poderia apontar uns mil discos, mas esses são pra você, muleque leigo, que precisa duma educação roquenroulistica. E, claro, tudo isso na minhã opinião particular, meu gosto. Não entra aqui o mérito de importância pra história do Rock, discos que marcaram época, nada disso. São discos que EU acho que são bons de verdade.
8. Ramones – Rocket To Russia (1977)
Na verdade eu quase não coloquei Ramones nessa lista, mas senti como sendo um sacrilégio. Acontece que eles não tiverem um único álbum genial. Fizeram uma penca de músicas sensacionais mas espalhadas em inúmeros discos. Não vale colocar Loco Live, que tem essas melhores músicas juntas, porque não é um único álbum composto e gravado numa só, é um show. Enfim, é o álbum de mais sucesso dos caras, o que mais pontuou na Billboard e o mais foda dos três que vieram antes do som se tornar o que chamam de Bubble Gum, um punkzinho mais moderado, mais engraçado que mau. Esse era o som que colocou os Estados Unidos no punk rock. Inclusive, pra mim, definiu a estética do punk rock muito mais do que Sex Pistols, por exemplo, que se tratava do punk original, inglês, o punk na essência. Definia muito mais a atitude punk do que o som em si.
7. Guns ‘n’ Roses – Appetite For Destruction (1987)
Primeiro álbum dos caras e o único realmente significativo. Nessa época eles não eram uma banda que tocava com uma orquestra por trás, eles eram maus, ruins. Falavam de mulheres com requintes de funk carioca e da vida na cidade com requintes de Tarantino. O Axl Rose podia berrar como uma mulherzinha mas ele pegava geral, quebrava corações e destruía lares. O slash era (esse nunca deixou de ser) geinal, cantava com os dedos. Izzy compunha e segurava a bronca dos firulistas, Duff colocava punk naquela putaria de Hard Rock e o Steven Adler afundava o nariz na cocaína e os braços na heroína.
Tiraram os ouvidos dos rockeiros cansados de metal xixi e hard rock de bixa da vala. Som foda. Difícil de apontar melhores músicas do álbum, mas consigo a apontar a pior: Sweet Child Of Mine.
6. AC/DC – Highway to Hell (1979)
Os australianos mostram que sabem o que significa Rock ‘n’ Roll. Não só mostram que sabem o que é como o definem. Aquela guitarra, ao mesmo tempo, tão simples, tão melodiosa, tão pesada acompanhada daquele vocal de quebrar taças mostram, pra mim, o que é rock de verdade. O peso ideal. PESO, sim, mas não como o do metal que incomoda com tantas bumbadas duplas e tantas palhetadas desnecessárias naquela distorção escrota. Nem tem aquele vocal que exagera na berraria e na agudez. É o peso ideal e esse disco deixa isso bem claro: “Aqui na Austrália a gente sabe o que fazer com guitarras e microfones”.
5. Social Distortion – Somewhere Between Heaven and Hell (1992)
Social não podia faltar. Os californianos pegam o famigerado Punk Rock e enchem de guitarras meliodiosas inspiradas pelo country mergulhado na distorção que é peculiar aos roqueiros ianques. FODA.
Acho que apontei esse álbum muito pela temática. Nos álbuns seguintes do Social eles começam a ser muito depressivos, o que deixa o som muito bom, bem tenso, mas não com a mesma pegada. No Somewhere Between Heaven and Hell eles seguem uma fórmula que deu muito certo pra muito rockeiro por aí: DORGAS MANO. Os caras tavam a deus dará e escreviam sobre isso.
Mike Ness novinho, com topete de caipira e menos tatuado fez, pra mim, a melhor música de metáforas á drogas: When She Begins é genial. Se você já foi fã de carteirinha daquela farinha branquinha, escuta esse som e cuidado pra não se empolgar demais.
4. Operation Ivy – Energy (1989)
É uma ópera da mulecagem. Ouvir esse álbum é saber a letra da música que tá rolando e começar no tempo certo a próxima. Dá pra sentir a empolgação daqueles muleques fazendo aquele som. Se você andou de skate, curtiu punk rock em alguma época da sua vida, provavelmente você era um simples garoto e esse som DEVERIA estar na sua trilha sonora, se não estava, recupere seu tempo perdido agora. Vale a pena.
O disco começa com um tapa na cara que se chama Knowledge e daí pra frente é só alegria com picos em Unity, Smiling, Bomshell, Bad Town, Sound System… haha TODAS.
3. Dropkick Murphys – Do or Die (1998)
Cadence to Arms e Do or Die iniciam a epopéia do punk com som tradicional irlandês. A abertura é homérica, algo que poderia ser trilha de um balé ou duma treta gigante. Porrada mesmo.
Não há dúvidas de que Dropkick são os caras que realmente sabem fazer esse tal de irish punk e esse, sem dúvida, é seu melhor álbum. Os maiores sucessos da banda estão aqui: Baroom Hero, Skinhead on the MTBA, Never Alone. Eles tocam Finnegan’s Wake que é uma música tradicional irlandesa, de mil quatrocentos e casa de pedra versão roquenrou de macho. Fazem uma Pub Version de Boys On The Docks que é uma poesia sobre a imigração irlandesa nos Estados Unidos. Músicas pra se cantar com muitas vozes, juntos abraçados e suingando suas canecas de cerveja cheias até o talo num pub. Coisa linda.
2. Rancid – And Out Come The Wolves… (1995)
Na outra lista que eu tinha feito esse era o primeiro lugar. Mas resolvi ceder. Já já vocês sabem o porquê. Mas, considerem dois primeiros lugares.
Esse disco é o auge do punk dos anos 90. São 4 bons músicos, dois excelentes letristas que se propuseram a fazer um disco de punk rock com 19 faixas. E são 19 hits. Todas as músicas são boas o suficientes para que se fossem feitos clipes. Duas delas, Time Bomb e Ruby Soho ficaram por um bom tempo no topo do disk MTV. Eu disse TODAS as músicas do disco são ótimas. TODAS. Já viu isso antes?
Nos discos que vieram depois, o Rancid deixa nítido que músicas foram compostas por que músicos, os discos experimentam outras influências, ficam até mais pop. And Out Come The Wolves… tem uma unidade, segue uma ordem, tem conjunto. Faixa 01 a Faixa 19, boas bases, melodias, refrões que não largam sua cabeça.
1. The Clash – London Calling (1979)
Como disse, na última lista, London Calling era medalha de prata. Acho que eu envelheci. 4 ingleses que sabem o que fazer com notas, cordas e batuques pegam o do it yourself do punk conseguem tirar ouro de chumbo. A faix título abre o disco mostrando que lá vem pedrada.
O disco passa por músicas baseadas em funk, outras em ska e reggae, punk americano, rockabilly, mantendo uma puta identidade de Clash em todas elas. As sutilezas da realidade inglesa contadas por personagens que vivam na capital no final dos 70, drogas, desemprego, conflito racial, responsas da vida de aduto. Histórias, personagens, críticas metafóricas e evasivas, no esquema Chico Buarque.
Vale até ter original.
Isso aí. Espero que eu tenha salvo seus ouvidos, que não são pinico.
novembro 28, 2009
Categorias: Depois eu divido em categoria, Música . . Autor: Guilherme Bacellar . Comments: Deixe um comentário